Do amor, nada mais
written by: Iranilton Marcolino
@iraniltonmarcol
Ela pensava já ter acabado aquela paixão. Havia dado fim a horas e horas de pensamentos sobre como seria a vida com ele. Julgava que o passado agora era dono do sentimento que quase a fez se jogar em uma nova aventura. Paixão morrida, sem força pra qualquer inspiração.
Estava enganada. Bastou um encontro na rua, ocasional, pra tudo aflorar de novo como se nunca tivesse saído dali. Via outra vez a palpitação no peito, a sensação gostosa que a visão do outro lhe trazia. Sabia que era ao mesmo tempo estimulante e perigoso. Um risco de ter a vida controlada, ser seguida de perto pela mente ciumenta num rosto que passava ternura, amor, e todas aquelas coisas boas que tanto prezava.
Ficou parada um bom tempo. Sonhando o sonho da paixão cor-de-rosa, do amor de cinema, da vida perfeita até o fim. Mas sabia que isso não aconteceria. Cinema é cinema e vida real é um roteiro secreto, que se revela dia após dia, imprevisto até para o mais seguro vidente. Não ia sucumbir a isso! Paixão, vá pra longe! Decidiu seguir adiante, deixar o tempo cuidar de fazer daquele desejo de apego uma nuvem de pó, do nada, de manchas cinzentas do passado. Só lembrança do que não foi. E nada mais.
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