Tragédia na rua de Tenise written by Iranilton Marcolino at Spillwords.com

Tragédia na rua de Tenise

Tragédia na rua de Tenise

written by: Iranilton Marcolino

@iraniltonmarcol

 

Era costume de Tenise usar essas roupas tão provocantes. Aqueles seios quase saltando de dentro do sutiã atraíam os olhares dos homens na rua, mas essa não era sua intenção. Considerava-se tão pura quanto sua avó e de assanhada não tinha nada. Um short curtinho, uma blusa pequena e apertada, o andar desfilado e dançado, tudo era coisa da moda. Era convicta da liberdade que tinha de se vestir como quisesse.

O vizinho teimava em não entender isso. E tomava a sua figura como um convite às fantasias mais espetaculares. Pedrinho era bem mais velho, tinha uns 21 anos, por aí. E Tenise, só 16.

Cresceram no bairro, naquela rua, e o que aconteceu deixou todo mundo chocado. Não que esse mundo já não estivesse tão cheio de maluquices, escândalos e tragédias. Mas ali pertinho, com gente tão conhecida, uns meninos que há pouco corriam soltos na rua, brincando na areia! Cadê aquela ingenuidade, paciência e deslumbramento?

Foi o pai de Tenise que achou seu corpo, no final da rua, logo de manhã cedo. Sem blusa e com sinais de violência. Os olhos abertos, vidrados para o céu, a boca entreaberta, os braços estendidos pra longe do corpo. Uma cena que nunca vai sair da memória de Telmo, pai de uma única filha, cheio de tamanho sofrimento.

As suspeitas contra Pedrinho foram imediatas. Porque Tenise sempre comentava com familiares e amigos que cada vez mais ele a cercava com propostas picantes, que ela ignorava ou repelia. Poucos dias de investigação, terminou confessando. Disse que se sentiu rejeitado e acabou não resistindo em aplicar a força e estuprá-la.

Está preso, Pedrinho. Foi o que ficou de uma história que também compõe a memória daquela rua.

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