Amor Que Mata
written by: Iranilton Marcolino
@iraniltonmarcol
Não tenho consciência desse ato. Não me lembro de ter segurado o pescoço dela com tanta força. Agora, meu amor inerte, na cama, olhos bem abertos fixos no teto do quarto, nenhum traço da leveza que tanto me encantou, embora ainda guarde por completo a beleza. Como era linda, maravilhosa e desconcertante! Encantadora, em uma palavra.
Ao lado da cama, sentado, perto da janela, me pego sorrindo pra ela. Hipnotizado pela nossa história tão perfeita. Estou aqui sem saber, sem entender como chegamos a esse cenário. Penso em todo o romance, todas as aventuras nas madrugadas de tantos segredos, o murmúrio nosso, de amantes em fuga do cotidiano… Ela foi minha luz dentro da escuridão do meu mundo.
Mas o seu corpo estava, ali a poucos metros, embora ausente, silencioso. As linhas conservadas, a harmonia nas curvas, na cintura acentuada, no quadril largo, na simetria que persistia… Que teimava em se manter viva aos meus olhos.
Fui eu que pus fim a tudo. Foi rápido, nem senti! Apenas um furor tomou conta de meu corpo e me descobri como um monstro, bem acabado em um gesto assassino e único, rápido, destruidor.
Conte-me o que houve! Não saia sem me dizer. Tenho que ter respostas, não a aflição de uma vida inteira para descobrir. Conto com você, ninguém mais. Estou bem perto. Me dê a mão! Esse momento é só nosso…
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