João
written by: Sentimentalismo poético
@Sent_poetico
I
‘Ele está perdendo a vida toda! Porra! A gente dá tudo para ele e ele faz isso! Bêbado de merda! Vida no lixo! ’
‘Você está feliz? Com essa vida? Mal na faculdade, você não vai ter futuro!’
O pai de João virou para ele e quase o bateu. A mão se abaixou logo depois de João se esquivar.
‘Eu não vou te bater. Isso não tem de ser resolvido assim. Você tem que entender. Eu quero que você seja feliz. Tenha um rumo na vida. Faça algo. Possa fazer o que quer.’
A mãe senta na cama de João.
‘Você tem tudo para um futuro ótimo. Está na faculdade. Tem tudo. Não jogue isso fora’
‘Eu sei’ disse João
‘Então não deixe isso te atrapalhar. Essas coisas. Você sabe o que acontece com essas pessoas. Elas começam a viver por essas substâncias. Não fazem nada além disso. Começam a roubar…’
‘Eu entendo’ João apenas respondia. Nunca foi de falar muito. Sempre guardava as coisas para si mesmo.
Eles saíram do quarto. João tinha 17 anos e se mudaria ano que vem. Iria morar com seu amigo. Finalmente livre para estragar sua vida sem preocupações. Demoraria para voltar a falar com seus pais. Anos. Até perder tudo.
João saiu de seu quarto. O banheiro todo vomitado. Tudo sujo. Tanto quanto sua vida no momento. Ele foi dar uma volta e fumar um cigarro. Pensou em tudo. Tudo que tinha sido dito. Ele estava deprimido e não tinha nenhuma razão para realmente querer viver e ter uma vida próspera. Por que? Ele não entendia. Seus pais queriam que ele fosse feliz. Mas não de seu jeito. Do jeito deles. Do jeito que eles entendiam.
João voltou para casa e sua mãe estava na cozinha chorando. Seu pai estava no escritório fumando e olhando para a parede. João tinha um problema em entender tudo que seus pais falavam. Ele tinha consideração com seus pais. Mas beber era algo que ele achava para escapar um pouco de tudo. Toda tristeza e decepção. Agora nem isso ele tinha. Ele tinha que procurar algo diferente.
Uma semana se passou e João tinha um problema. Ele entendia que ele tinha um problema com bebida. Ele não saía para outra coisa. Era difícil. Mas por que não? Ele não tinha nada diferente para fazer. Seus amigos faziam isso. Talvez fosse hora de arranjar novos amigos. Mas todos os outros eram tão chatos. Talvez o problema não fosse João. Mas tudo que seus pais estavam fazendo para que ele ficasse feliz não funcionava. Ele apenas não era feliz. Ele era triste. Era assim que deveria ser. Se ele não fosse triste, o que ele seria?
João saiu para o bar depois da aula. O gosto da cerveja era refrescante. Ele bebia no canto do bar com seus amigos de sempre. Quando ele estava bêbado, nada passava pela sua mente a não ser coisas boas e divertidas. Por que que isso acontecia? Como que alguém só podia ficar feliz com remédios e álcool. Ao todo foram muitas cervejas. Muitas Tudo foi para sua conta mensal. Ele estava bem. Divertindo-se. Tudo ia bem até ele chegar em casa. João chegou na frente de sua porta de entrada. Tudo começou a girar com o pensamento de que seus pais estavam em casa. Ele abriria a porta e eles estariam o julgando. Eles não eram mais seus pais. Eram julgadores. Ele sentia vergonha. De tudo que ele nunca sentiu, com felicidade, ele agora estava sentindo muito. Muita vergonha de ser quem ele era. Seu pai abriu a porta. Sua cara estava brava. Mas João não conseguia a ver direito com tudo girando como estava.
‘Oi.’ Disse seu pai com uma voz seca.
‘Oi’
João entrou e viu o vinho sobre a mesa de jantar. Sua mãe estava sorridente pelo que João conseguia ver. Tudo girava.
‘Vou para meu quarto’
Ele não sabia mais o que falar. Estava bêbado e nervoso. Sua tontura torturava seu estômago. Ele talvez conseguisse chegar até o banheiro. Talvez.
‘Não vai nem falar com sua mãe?’
João virou para sua mãe.
‘Oi mã…’
Tudo saiu. Seu estômago não aguentou. Em uma questão de segundos sua mãe e o chão estavam completamente cobertos de vômito. Tudo deu errado de novo.
‘Essa merda de bebida! Você é um merda! ’
Sua mãe estava chorando e correndo para o banheiro. João se dirigiu ao quarto. Só pensava em se matar. Ele não servia para nada. Talvez seu pai estava certo. Talvez ele podia ser só um bêbado. Como uma criança vira uma pessoa assim? O que acontece? O que aconteceu com ele?
‘Você vai para de sair! Você vai para reabilitação! Por que que você faz essas coisas! Tudo que eu te dou! Tudo que te ensinei foi para nada? Você não tem consideração por mim! Por nada! Você só quer fazer merda!’
João ficou cheio. Tudo voltou ao normal. Mas ele estava furioso. Cheio do jeito que eles achavam que ele era um animal, um descontrolado. O jeito que ele talvez precisasse de mais ajuda do que eles achavam. De que eles realmente não o entendiam.
‘Você nunca pensou que eu não esteja feliz? Você já pensou que eu não tenho nada na vida para me deixar feliz como vocês? Vocês já pensaram que eu esteja assim porque eu preciso esquecer só por um tempo do que passa na minha cabeça? Vocês já pensaram no que eu quero? Vocês já pensaram que isso também pode ser apenas um divertimento para mim? Que o jeito que vocês acham que eu devo ser feliz talvez seja diferente do meu? Vocês já pensaram que ir para faculdade e ter dinheiro não é tudo? Vocês já pensaram em algo assim? ’
João foi para seu quarto. Ele passou três dias em seu quarto. Sem falar com ninguém. Fumando e lendo. Amigos mandavam mensagens. Seus pais tentavam entrar as ele não permitia. Precisava pensar.
Ele pensou em tudo que ele tinha. De como ele não melhorava. De como tudo estava dando errado. De como ele precisava de ajuda. De como sozinho nada ia mudar. Ele iria para a reabilitação.
II
Era um quarto branco. Ele estava sentado na cama. Sozinho. Era uma merda. Tudo. Tudo estava dando errado. Ele era algo bom antes. Orgulho para os pais. Ele já tinha sido melhor que isso. Não era mais. Nada que falassem para ele ia fazer alguma diferença. Ele não era algo bom. Era um bêbado, largado, drogado…. Não tinha mais amigos. Tudo piorou quando eles morreram. Ele viu um morrer. Dois melhores amigos, dois velórios.
“Olá. Você tem uma consulta agora” disse uma enfermeira na porta de seu quarto.
“Ah. Okay. Estou indo. Onde que é?”
“Eu te levo até lá”
Tudo era branco no corredor até o consultório. Para fora da janela estava o jardim. Algumas pessoas sentadas. Um senhor estava fumando um cigarro e tirando fotos de flores. Era algo poético para João. Um senhor tão velhinho tirando foto de algo tão cheio de vida.
“É aqui. Essa sala. O nome dele é Dr. Julio”
“Okay. Obrigado”
Ele entrou na sala. Ela não era branca. Era azul. Ele se sentia bem lá. Confortável.
“Olá. Você é o João, não? ” Disse Dr.Julio estendendo sua mão.
“Sim” Ele o cumprimentou.
“Pode se sentar”
João sentou na cadeira e logo depois Julio se sentou.
“Você está aqui por que exatamente? ”
“Bom, bebo demais. Vomitei em minha mãe. ”
“Por que você acha que bebe demais? Acontece algo em sua vida para isso?”
“Sim. Eu sou um fracasso. Posso ir bem na faculdade e ter amigos. Bom, tinha. Mas eu não sei me divertir sóbrio. Não sei me divertir. Não me sinto bem hora nenhuma. Já passei por minha depressão, aparentemente, mas não me sinto bem porque só sei fazer merda.”
“Isso é muita coisa” Ele riu. “Você realmente acha que é um fracasso?”
“Sim. Eu não sei fazer nada. Nada. Ainda mais agora que eles morreram”
“Eles quem? ”
“Meus melhores amigos. ”
“Como que eles morreram? ”
“Um se matou e outro foi atropelado. Nesse ano. Comecei a beber mais. ”
“Mas você já bebia muito. Certo? ”
“Sim. Eu tenho um problema. ”
“Isso é o importante. Saber que você tem um problema. Outra coisa muito importante é querer melhorar”
“Eu não quero melhorar. Tenho um outro problema. Só sei ficar triste. Só quero ficar triste. Não consigo me ver feliz. Talvez eu não mereça ficar ou ser feliz”
“Todos merecem ser felizes, João”
“Eu sempre reprimi minhas emoções. Desde que descobri que tenho depressão. Sempre quis estar triste. É meu objetivo sempre. ”
“Bom. Então é isso que temos que melhorar. Sua vida tem que ser vivida, João. Se você se deixar viver, não vai precisar da bebida. Se permita rir, viver, amar. ”
O resto da sessão foi focada nisso. O dia foi passado em seu quarto. Sentado. Ouvindo música e idas ao jardim para fumar. João observava o senhor das flores.
“É o seu José. Ele tira fotos de flores. É artista. Está em tratamento para alcoolismo. ” Disse a enfermeira que viu João o observando.
Seu José era um homem que aparentava ter 70 anos. Ele usava roupas longas de lã com estampas de povos pré-colombianos. Ele usava óculos como os de Paul MacCartney com lentes amarelas. Ele tinha cabelo grisalho e barba branca. Era uma barba curta, que parecia não fazer havia alguns dias.
“Interessante. Eu gostaria de falar com ele. Tinha um amigo artista. Ele morreu. ”
“Que pena. Como? ”
“Se matou.”
“Você devia ir falar com o seu José”
“Talvez amanhã. Agora ele está ocupado”
João foi para seu quarto. Dormiu até ser acordado pela chuva lá fora. Era uma manhã chuvosa. Tudo cinza. Era um dia triste. Seu aniversário. O primeiro sem seus melhores amigos depois de anos. João levantou devagar. Estava tonto. Queria um trago, algo para tirar sua mente disso tudo.
Lá fora, esta Seu José tirando fotos embaixo de um guarda-chuva. Como pode? Alguém tão dedicado à arte, que até em um dia chuvoso desses acordava às seis da manhã para tirar suas fotos.
“O senhor só tira fotos de flores? ” João falou ao lado de José na chuva.
Seu José colocou o guarda-chuva em cima de João.
“Sim. Elas são melhores que pessoa” disse rindo.
“Ah. Com certeza. Pessoas morrem” Disse João.
“Flores também. Mas você não se apega tanto às flores”
“Verdade. Por que está aqui? ” João perguntou já sabendo a resposta. Queria saber a resposta dele.
“Eu que te pergunto isso. Você parece meio novo para estar aqui. ”
“Não se tem idade para sofrer”
“Bom. Estou aqui por beber demais. Especialmente depois de minha esposa falecer. ”
“Meus melhores amigos morreram. Também comecei a beber mais por isso. “ João disse “Me disseram que o senhor é artista. Meu amigo era poeta. Ia ser publicado. ”
“Hm. Sou sim. Formado em fotografia. Tenho dinheiro por isso. Mas não é importante ter dinheiro quando não se tem pessoas. Parei de fotografar pessoas quando minha esposa morreu. Só fotografava flores. Passava os dias no jardim e as noites na cozinha bebendo. ”
“Eu passava o dia na faculdade e as noites nos bares. ”
“Algo perigoso para alguém da sua idade”
“Eu sei. Eu vivo assim. Por que viver de outra forma? ”
“E por que ele não foi publicado? ”
“Ele se matou no dia da notícia. ”
“Triste. Você á passou por muito isso na vida. ”
“E ninguém leva isso em conta. Só me veem como bêbado. Não levam em conta nada além das merdas que fiz. ” João olhou para baixo.
“Eu já tive muita coisa. Não levaram nada em conta além de eu ter jogado tudo fora. É complicado. As pessoas só veem essas coisas. ” Seu José tirou uma foto de uma rosa “Vamos tomar um café lá dentro. Está chovendo muito. ”
João e Seu José seguiram para dentro do complexo pelo caminho de pedra. Lá dentro estava quente. Sentaram na sacada para tomar um café e fumar um cigarro. Conversaram por duas horas até a sessão de terapia de Seu José. João se via nele. Era como ver o futuro. Era triste, mas ao mesmo tempo feliz para ele. Tudo estava melhorando, na verdade. Ele finalmente conheceu alguém com quem podia conversar olhando no olho, com vontade. Era um homem de palavras sábias. Ele entendia João e seu sofrimento.
João entrou na sala de Dr. Júlio.
“Como está João? ” Falou Júlio estendendo sua mão.
“Estou bem. Encontrei uma pessoa boa hoje. Alguém que gosto mesmo. ”
“Acho que sei quem é. Vi você falando com o Seu José”
“Sim. Gostei muito dele. Ele é um artista de verdade. Uma pessoa sofrida, mas verdadeira. ”
“Acho muito bom quando um paciente como você acha alguém que gosta. Você já passou por muita coisa. ”
“Eu sei. Mas as vezes as pessoas acham que tudo é simples. Que essas coisas só importam quando elas querem achar algo para culpar quando cometo um erro. Meus pais acham que eles não têm nada a ver com o que aconteceu. Mas eles têm. ”
“Como era sua relação com seus pais? ”
“Sempre foi profunda, no sentido que era algo por fora, mas outro por dentro. Sabe, eu sempre tive medo dos meus pais. De decepcioná-los. Eu sempre tive medo do meu pai. Agora que não temos uma relação tão boa, ele me culpa. Todos me culpam pelo mau-humor, mas eles também têm culpa. Todos têm culpa em tudo. ” João olhava para o chão. Tinha vergonha de olhar para Júlio. Nunca tinha falado isso para ninguém.
João se sentia bem nessas sessões. Ele se sentia bem quando liberava o que estava sentindo. Isso era muito importante para ele quando seus amigos estavam vivos. Isso tinha acabado. Agora tinha voltado. Ele se sentia bem depois de muito tempo.
III
A vontade de beber aumentou com o tempo. Ele precisava ficar bêbado ou qualquer coisa. Precisava disso. Ele não se sentia bem sóbrio. Sentia que ele estava decepcionando a todos. Sentia que ele podia ser melhor, que ele estava perdendo tempo. Ele passava os dias no quarto. Só saindo para fumar, para consultas e para ajudar Seu José com as fotos. Tudo passava devagar. Era ruim estar em um lugar sem hora para sair.
Seu José estava no jardim esperando João como toda tarde.
“Olá. Como está hoje? ” Perguntou Seu José.
“Ainda quero beber” Respondeu João rapidamente.
“Isso passará com o tempo. Foque no bom do presente. Não no ruim. Nos impulsos”
“Eu sei. Mas é foda. Sabe, Seu José, eu gostei muito de ter te conhecido. Você é uma pessoa importante para mim. ”
“Eu sei. Eu sei. Mas cuidado. Não se apegue as pessoas. Já é minha hora de ir. ”
“Como assim? ” João disse assustado.
“Tenho uma consulta”
João não estava calmo com essa afirmação. Ele ficou o dia remoendo o que Seu José falou. ‘Mais um’, ele pensou. Não podia ser.
João entrou no consultório do Dr. Júlio. Ele contou o que havia acontecido e como estava se sentindo.
“Nada vai acontecer. Você se assustou. Foi o medo de perder mais alguém. ”
“OK. Fico feliz de escutar isso”
João foi para seu quarto. Não viu Seu José o dia todo. Mas como Dr. Júlio havia dito que não havia risco, ele só assumiu que nada havia acontecido. João se deitou e acordou com uma batida na porta. Era a enfermeira que o mostrou Seu José.
“João. Eu preciso conversar com você. Você é o primeiro a saber disso.”
João estava com medo sobre o que ia sair de sua boca.
“Seu José se matou com uma faca ontem à noite. Ninguém sabe de onde ele tirou a faca. Havia tanto tempo que ele estava aqui que achamos que esse risco não era mais tão real. Segundo o diagnóstico dos médicos tudo estava bem…” Falou a enfermeira com a mão nas costas de João que já chorava.
“Como vocês deixam isso acontecer! De novo! Eu estava melhorando! ”
João queria um trago. Beber até cair. Qualquer coisa menos o que estava acontecendo agora. Queria Seu José, seus amigos. Se sentia traído por Deus. Se sentia mal por ele mesmo.
“Com isso, Dr.Júlio achou melhor deixar você aqui por mais tempo. Mais algumas semanas”
João não sabia o que fazer. Se sentia mal, mas neutro ao mesmo tempo.
“Seu José deixou todas as suas fotos para você. Deixou isso também.” Ela deu um papel para ele.
Nele estava escrito:
Eu parti.
Isso é verdade,
Meu tempo se esgotou
E eu fui
Para não sei onde,
Com não sei quem,
Talvez ninguém,
Para o além.
Você foi um filho
De curto prazo
E amor grande.
Como a flor,
Eu morri.
Pouca água recebi,
E tive que sair.
Ninguém via
O que nós víamos.
Ninguém sabia
O que sabíamos.
Talvez por isso
Sofremos tanto.
Posso ter escolhido esse destino,
Mas sei que tive meus motivos,
Talvez não seja compreendido,
Mas estou onde preciso estar.
Espero que entenda,
Algum dia,
Que a muito da beleza da flor
Vem de sua morte,
Que mostra
Que beleza que não dura,
É pura,
E vira memória
Mais linda ainda
De tempos que não voltam.
E sabe,
Memórias são as flores mais lindas
Que dão sentido
A o jardim que é
A vida.
Era lindo. João não se conformava. Mas era lindo.
IV
Alguns dias se passaram e João não tinha vontade de beber, andar, fumar e amar. Lia o poema de seu José todo dia. Já se sentia melhor. Tudo estava realmente melhor. Tudo estava bem por incrível que pareça. Era algo estranho dentro dele que o fazia acreditar que tudo estava bem. Ele já vinha falando com Dr. Júlio sobre sair da casa.
Depois de mais algum tempo isso se tornou realidade. João saiu da casa. Foi para sua casa. Viu seus pais e parou de beber por dois anos. Nem um trago. Ele não se sentia mal. Se sentia neutro. Tudo era indiferente. Impossível perceber que ele tinha um grande problema dentro de si. Não tinha nada. Nada. Tinha um grande nada em seu coração que nada preenchia. Não tinha vontade. Não tinha tristeza.
V
Três nos. Faculdade terminada. Três livros cheios de dor publicados. Barba mal feita e cabelo longo. João era uma sensação no país inteiro. O mais novo escritor. O novo Buk. O novo gênio. Já havia pulicado o livro de seu amigo em nome dele. ‘Poemas da Adolescência’.
Chegou em casa. Tudo vazio. Prateleira de remédios cheia. João se dirigiu ao banheiro. Tomou 20 comprimidos. Deitou no sofá.
Eu parti
Saí.
Tive tudo.
Não tinha nada.
Entendi,
Pai de curto prazo,
Entendi.
Mas meu jardim
Cheio de flores
Mortas
Me levou
Para algum lugar.
Não sei onde
Não sei com quem
Mas espero
Que todos
Estejam lá.
Finalmente,
Minhas flores
Vão nascer
E eu
Vou renascer
Na morte
Dessa vida
Que não me deu chance
De viver.