Soneto de divina luz
written by: Léa Ferro
@leaferro
Sorrisos teus, tu vistosa: – Oh madrugada!
Suaviza, serena tez, a contorcida
Engana alguma vez, a dor que o mata
Ciúme, pranto e verso, na ferida!
Sofrem, as densas horas, que o mar escapa
Umedece o campo verde, em desalento
Sangra a lágrima cortante, vil como a faca
Precisos laços, que mantém, mortal ao tempo.
Chororos versos, inocência infame a suspirar
Enfeitiçam-me, no inferno, em tormento
Se tu me és fado: – Que tu ames! …eu sou luar.
Se és poema, envolve n’alma, o sofrimento
E vestes-te, de nevoeiro, no algoz amar
A trazer-me, divina luz, morte e lamento.
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